Seul
pode continuar a corrida armamentista nuclear
Quando se fala do “problema nuclear coreano”, presume-se automaticamente que
se trata do problema nuclear da Coreia do Norte. Na maioria dos casos assim é,
mas a Coreia do Sul também tem seus “problemas nucleares”.
Segundo a
agência de notícias Yonhap, estão paralisadas as negociações entre os EUA e a
Coreia do Sul sobre a prorrogação do acordo sobre questões nucleares que foi
assinado em 1974. Seu prazo termina em 2014.
Seul e
Washington não conseguem concordar sobre o problema do combustível nuclear
usado. O lado sul-coreano exige o direito de processá-lo, citando a falta de
instalações de armazenamento de hastes gastas. Atualmente, na Coreia do Sul se
acumularam cerca de 14 mil toneladas de combustível nuclear usado, e esse
número está crescendo, e em breve não haverá lugar para armazená-lo – pelo
menos, assim dizem os representantes do governo coreano.
Mas os EUA
não querem dar a Seul a permissão de processar combustível nuclear. O problema
consiste em que, no decorrer desse processamento, pode ser obtido plutônio – um
componente importante de uma carga nuclear de combate. Engenheiros e
negociadores coreanos garantem que irão usar uma tecnologia de processamento
que torna difícil obter plutônio de armas. Mas em Washington essas garantias
são vistas com ceticismo.
Este
ceticismo não é infundado. O fato é que na década de 1970, Seul fez uma
tentativa bastante séria de desenvolver suas próprias armas nucleares, ou seja,
a corrida de armas nucleares na península coreana foi iniciada pelo sul, e não
pelo norte. No entanto, no final dos anos 1970, o programa nuclear da Coreia do
Sul foi encerrado sob pressão dos EUA.
A imprensa
de vez em quando recebe informações sobre experiências em processamento de
urânio e plutônio realizadas por engenheiros coreanos. A última vez tal
vazamento ocorreu em 2004.
Entretanto,
a situação na Ásia Oriental deixa Washington nervoso quanto à perspectiva de
proliferação de armas nucleares. Já muitas vezes se têm expressado preocupações
de que o projeto nuclear norte-coreano vai levar à proliferação de armas
nucleares na região, devido ao “efeito dominó”: em resposta à transformação da
Coreia do Norte numa potência nuclear, o Japão pode desenvolver suas próprias
armas nucleares, e depois a Coreia do Sul irá também adquirir uma bomba
nuclear. No entanto, é possível uma sequência diferente: Coreia do Sul – Japão
– Coreia do Norte.
São os
temores de um tal desenvolvimento que impedem Washington de permitir Seul
reciclar por forças próprias combustível nuclear usado. Mas, sem o respetivo
acordo com os EUA a Coreia do Sul não será capaz de explorar plenamente a sua
própria energia nuclear. A Coreia não se pode dar a tal luxo: a percentagem de
eletricidade proveniente de usinas nucleares no país é de cerca de 40%. Por
isso, muito provavelmente, mais cedo ou mais tarde, algum compromisso será
encontrado.
Por outro
lado, essas disputas entre os EUA e a Coreia do Sul lembram-nos que as armas
nucleares estão se tornando cada vez mais acessíveis. Longe vão os dias em que
a criação de um programa nuclear podia ser paga apenas por grandes potências.
Hoje em dia, tendo um certo desejo, dezenas de países podem adquirir armas
nucleares, e a eficácia dos mecanismos internacionais existentes para limitar
sua propagação, deixa muito a desejar.
Fonte:
http://portuguese.ruvr.ru/2013_02_25/Seul-pode-continuar-a-corrida-armamentista-nuclear/
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