Saiba
tudo o que pode acontecer com o cometa C/2012
S1 ISON
Apesar de
todos os cálculos indicarem que a magnitude do cometa C/2012 S1 ISON será
extremamente baixa durante o periélio, fazendo-o brilhar mais forte que a Lua
cheia, nenhum astrônomo amador ou profissional em sã consciência coloca a mão
no fogo por isso. Muito pelo contrário. Veja por quê.
De todos os
corpos celestes conhecidos, os cometas são sem sombra de dúvida os mais
temperamentais. Enquanto estão distantes e bem longe do Sistema Solar são
bastante previsíveis e se comportam exatamente como o calculado pelas equações
astronômicas, mas na medida em que começam a sentir a presença do Sol as coisas
começam a mudar. E tudo pode acontecer.
Os cometas
são formados essencialmente de gelo e sua evaporação devido à presença do Sol
cria ao redor do seu núcleo uma espécie de atmosfera, que os astrônomos chamam
de coma ou cabeleira. Quanto mais se aproxima do Sol, a ação dos ventos solares
sopra a coma em sentido oposto formando a cauda do cometa, que não raras vezes
pode ultrapassar 100 milhões de quilômetros.
Essa
evaporação devido ao calor da estrela faz com que os cometas percam parte de
sua massa, fazendo com que as suas características orbitais também mudem
ligeiramente. E quanto mais perto do Sol, maior a evaporação do gelo e
consequentemente maior a perda da massa cometária e maior também a coma e cauda
criadas.
No caso do
cometa C/2012 S1 ISON as coisas também funcionam dessa maneira, mas a grande
aproximação solar - o periélio - prevista para o dia 28 de novembro de 2013 é
que chama a atenção dos astrônomos. Estima-se que neste dia ISON deverá chegar
a apenas 1.1 milhão de quilômetros da superfície escaldante do Sol e ninguém
sabe exatamente como o cometa vai se comportar.
Possibilidade 1 - ISON contorna o Sol
Se o cometa seguir exatamente o que é previsto pela mecânica celeste, deverá contornar o Sol e seguir seu rumo para dentro do Sistema Solar, mas com muito menos massa do que quando se aproximou. Se isso acontecer, a trilha de poeira deixada para trás permanecerá vagando no espaço até encontrar a Terra pelo caminho nos dias 14 e 15 de janeiro de 2014, provocando uma nova chuva meteoros.
Possibilidade
2 - ISON mergulha no Sol
Outra possibilidade é que a interação gravitacional do Sol atraia ISON de tal maneira que sua velocidade de deslocamento não seja mais suficiente para impedir sua queda. Isso pode resultar na pulverização total do cometa antes de atingir a superfície solar ou então o choque contra a alta atmosfera da estrela.
Outra possibilidade é que a interação gravitacional do Sol atraia ISON de tal maneira que sua velocidade de deslocamento não seja mais suficiente para impedir sua queda. Isso pode resultar na pulverização total do cometa antes de atingir a superfície solar ou então o choque contra a alta atmosfera da estrela.
Possibilidade 3 - ISON se parte em vários pedaços
Outra possibilidade bastante forte é o rompimento do cometa provocado pelas forças de maré geradas antes de atingir o periélio, situação esta que poderá criar um espetáculo à parte caso o cometa já apresente grande brilho (baixa magnitude). Durante o rompimento, o cometa pode se despedaçar em dezenas de partes, da mesma forma que fez Shoemaker-levy 9 antes de atingir o planeta Júpiter em julho de 1994.
Possibilidade 4 - ISON entra em Outburst
Além dessas possibilidades, não seria incomum se ISON entrasse em processo de Outburst, um evento ainda não perfeitamente explicado e que faz com que um cometa repentinamente perca muita massa e passa a brilhar centenas de vezes. Isso aconteceu no ano de 2007, quando o cometa periódico17P/Holmes passou repentinamente da magnitude 17 para 2.8, aumentado seu brilho em 600 vezes, sendo visível até mesmo à vista desarmada.
Risco de
Colisão
Apesar de existirem inúmeras possibilidades que não podem ser descartadas, é preciso deixar claro que não há qualquer risco do cometa C/2012 S1 ISON colidir contra a Terra, principalmente no dia 27 de dezembro de 2013, quando chegará a apenas 63 milhões de quilômetros de distância.
Apesar de existirem inúmeras possibilidades que não podem ser descartadas, é preciso deixar claro que não há qualquer risco do cometa C/2012 S1 ISON colidir contra a Terra, principalmente no dia 27 de dezembro de 2013, quando chegará a apenas 63 milhões de quilômetros de distância.
No Brasil
Se tudo correr como o previsto, ISON poderá ser visto do Brasil nas pré-manhãs antes do periélio de 28 de novembro. Quanto mais próximo do Hemisfério Norte, melhores serão as condições para a observação do cometa, uma vez que a órbita de ISON favorece mais aos observadores daquele hemisfério. Se ISON contornar o Sol como o descrito na possibilidade 1, ambos os hemisférios serão contemplados. Apesar de mais fraco, ainda assim a longa cauda cometária será o verdadeiro show do final do ano.
Se tudo correr como o previsto, ISON poderá ser visto do Brasil nas pré-manhãs antes do periélio de 28 de novembro. Quanto mais próximo do Hemisfério Norte, melhores serão as condições para a observação do cometa, uma vez que a órbita de ISON favorece mais aos observadores daquele hemisfério. Se ISON contornar o Sol como o descrito na possibilidade 1, ambos os hemisférios serão contemplados. Apesar de mais fraco, ainda assim a longa cauda cometária será o verdadeiro show do final do ano.
Até lá,
cruzar os dedos é a melhor opção!
Artes: No
topo, foto cometa C/2011 W3 Lovejoy, que em dezembro de 2011 deu um verdadeiro
show no céu e pode ser visto até mesmo à vista desarmada antes do amanhecer. Na
sequência, animação do cometa ISON feita pelo astrônomo Pete Lawrence entre os
dias 15 e 16 de janeiro de 2013. O cometa é claramente visível passando entre
as estrelas da constelação de Gêmeos. Em seguida, diagrama orbital mostra como
será a aproximação e afastamento previstos para o cometa C/2012 S1 ISON entre
novembro e dezembro de 2013. Acima, aproximação kamikaze de Lovejoy vista pelo
satélite de observação solar Soho. Se as previsões se confirmarem, destino
semelhante terá o cometa C/2012 S1 ISON durante o periélio. Créditos: Collin
Legg, Pete Lawrence, NASA/JPL,NASA/ESA/SOHO, Apolo11.com.
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