A Agência de Segurança Nuclear e Industrial do Japão, NISA,
elevou para 7 o nível de gravidade do acidente nuclear da usina de Fukushima.
Esta é a segunda vez na história que um acidente desse tipo é classificado ao
nível máximo. A primeira vez foi em 1986, após a explosão do reator de
Chernobyl, na Ucrânia.
O nível 7 é o status mais elevado na escala INES (Escala
Internacional para Eventos Nucleares e Radiológicos) , que classifica como
"incidentes" os níveis de 1 a 3 e como "acidentes" os
níveis de 4 a 7. Os níveis consideram três áreas de impacto: as pessoas e o
ambiente, as barreiras radiológicas e de controle e o nível das defesas
empregadas.
Cada ponto na escala significa um evento dez vezes maior.
Até 11 de abril, as autoridades japonesas classificavam o evento como de Nível
5. Assim, o incremento de 2 pontos significa que o acidente nuclear de
Fukushima é 100 vezes mais danoso do que o suposto anteriormente.
De acordo com a Agência Internacional de Energia Atômica
(IAEA), apesar do aumento na classificação ainda é muito cedo para comparar o
acidente da usina de Fukushima ao de Chernobyl. Segundo a agência, a quantidade
de material radioativo liberado no Japão é cerca de 10 vezes menor que o
estimado em Chernobyl, além de serem acidentes com características diferentes.
Evacuação
Na prática, a elevação do grau de risco mostra que é
extremamente séria a possibilidade de contaminação ao redor da usina, o que
forçou as autoridades japonesas a ampliarem a zona de evacuação para 60 km na
direção norte e 40 km no sentido sul, englobando agora mais cinco comunidades
que deverão ser removidas.
Reator
Apesar dos níveis de radioatividade estarem caindo desde que
as primeiras medidas de correção foram tomadas, não existe um relatório
definitivo sobre o estado em que se encontram as varetas de urânio que
alimentam o reator. No entanto, devido à grande quantidade de água que está
sendo bombeada para o interior da usina, é possível inferir que as barras de
absorção de nêutrons, que controlam a fissão nuclear, não estejam mais agindo,
o que pode ter levado à fusão parcial das varetas de combustível nuclear.
Caso as varetas estejam fora de controle e a reação em
cadeia não possa mais ser interrompida, o que parece bastante provável, não
restarão aos engenheiros japoneses muitas alternativas para conter da radiação
que vaza da usina há mais de 30 dias. Entre as soluções está a lacração
definitiva do reator número 2, que seria recoberto com concreto, aço e chumbo a
exemplo de Chernobyl ou então o contínuo bombeamento de água do mar, a fim de
manter a temperatura das barras em níveis abaixo do ponto de fusão, situação
que significaria perder o controle sobre o reator.
Seja como for, é quase certo que as áreas dentro do
perímetro de exclusão não poderão mais ser habitadas por um longo período de
tempo. Em Chernobyl, passado 35 anos desde o acidente, os níveis de radiação
continuam muito acima do permitido, com 5 milhões de hectares de terras
inutilizados e contaminação significativa das florestas daquela região da
Ucrânia.
Artes: No topo, gráfico mostra os níveis de radiação na
usina de Fukushima Daichi ao longo do tempo. Em 20 de março 2011 os níveis
chegaram a 4 mil microSieverts. Em 8 de abril de 2011 os valores caíram a menos
de 800 microSieverts na entrada principal da usina, número extremamente alto e
letal aos seres humanos. Acima, esquema de controle de um reator nuclear e
exemplificação dos possíveis danos ocorridos no interior do reator número 2 de
Fukushima. Créditos: TEPCO/Apolo11.com/CNEN.
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Fonte: Apolo11 - http://www.apolo11.com/energias_alternativas.php?titulo=Japao_Acidente_nuclear_e_100_vezes_mais_grave_que_o_estimado&posic=dat_20110412-092735.inc
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