Quão
perigoso é o programa nuclear norte-coreano?
© Colagem: Voz da Rússia
Dentro de
alguns anos, a Coreia do Norte pretende possuir mísseis nucleares, atingindo um
nível tecnológico comparável com o da União Soviética no fim da década de 1950.
A mídia mundial está dedicando muito espaço ao tema de ameaça dos mísseis
nucleares norte-coreanos, mas as avaliações que lhe dá são absolutamente
incorretas.
A análise
mostra que, em termos globais, o arsenal nuclear norte-coreano é ínfimo, e é
pouco provável que num futuro prognosticável vá cresser até um tamanho
significativo. A Coreia do Norte dispõe de mísseis suficientes para destruir
parcialmente uma ou duas cidades. Mas de nenhuma forma chegam para abalar o
potencial militar da vizinha Coreia do Sul, sem falar do dos Estados Unidos.
Além disso, os líderes norte-coreanos estão bem cientes: o primeiro golpe
contra os EUA, uma outra potência nuclear ou seus aliados estratégicos irá
provocar uma retaliação imediata. O golpe de resposta exterminará não só uma
parte considerável da população, mas também a maioria da elite norte-coreana. E
os generais e governantes norte-coreanos que tenham a sorte de sobreviver em bunkers e
abrigos, irão comparecer perante um novo Tribunal de Nuremberg. O mundo não
perdoará à cúpula norte-coreana a violação do tabu existente contra o uso de
armas nucleares. Portanto, é pouco provável que a Coreia do Norte se atreva a
assestar o primeiro golpe nuclear contra os EUA, o Japão ou a Coreia do Sul.
Daí, as
armas nucleares da Coreia do Norte são, antes de mais nada, um meio de
dissuasão. Seu objetivo clave consiste em reduzir ao mínimo a probabilidade de
que a própria Coreia do Norte seja atacada desde fora de suas fronteiras. Assim
como evitar que no caso de uma revolta interna ou rebelião armada os rebeldes
recebam apoio externo. Os altos dirigentes norte-coreanos não se propõem
conquistar ou dominar o mundo. O desejo deles é muito mais modesto: preservar
seu poder e seus privilégios.
No entanto,
isto não quer dizer que o programa nuclear norte-coreano é inofensivo. Na
verdade, traz uma ameaça real para a paz mundial. Primeiro, porque já
estabeleceu um precedente perigoso. À diferença das três novas potências
nucleares – Índia, Paquistão e Israel que nunca assinaram o Tratado de
Não-Proliferação de Armas Nucleares de 1968 – os passos que está dando a Coreia
do Norte aparentam muito duvidosos ou até mesmo pérfidos. Inicialmente
Pyongyang assinou o TNP, aproveitando isso para obter acesso a tecnologias nucleares,
e depois saíu unilateralmente dele. Se tal procedimento ficar impune, alguns
outros países membros do Tratado de 1968, talvez, também não resistirão à
tentação de seguir o exemplo da Coreia do Norte.
Segundo,
porque existe uma alta probabilidade de o governo norte-coreano procurar vender
as tecnologias e equipamentos nucleares a todos quantos estejam dispostos a
pagá-lo bem. No passado, a Coreia do Norte adquiriu uma reputação duvidosa
devido à propensão de vender tudo o que puder, por exemplo, as drogas. É
difícil de acreditar, portanto, que os líderes norte-coreanos não vão vender
tecnologias nucleares e missilísticas.
Terceiro,
porque não se pode excluir a probabilidade de graves acidentes no processo de
produção e armazenamento de armas nucleares. Existe inclusive um risco de
lançamento não autorizado de mísseis em consequência de falhas do equipamento
ou mal-entendidos. Durante a guerra fria, em várias ocasiões houve situações em
que os EUA e a URSS ficaram à beira de um conflito nuclear por causa de
problemas meramente técnicos. Porém, o equipamento norte-coreano é
substancialmente menos fiável, o que aumenta muito mais o perigo de uma guerra
devido a falhas tecnológicas.
Quarto,
porque há uma probabilidade – embora pequena, mas real – de o programa nuclear
da Coreia do Norte instigar uma corrida armamentista nuclear no Leste Asiático,
e o Japão, a Coreia do Sul e Taiwan se convertirem também em potências
nucleares.
Em resumo,
as realizações norte-coreanas no domínio de mísseis e armas nucleares fizeram
com que nosso mundo se tornasse mais perigoso. Contudo, não vale a pena cair no
outro extremo, exagerando excessivamente a ameaça que acarretam estes sucessos.
fonte;http://portuguese.ruvr.ru/2013_03_03/Quao-perigoso-o-programa-nuclear-norte-coreano/
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