O
"ultimato químico" a Damasco
© Voz da
Rússia
A Rússia
exigiu hoje de seus colegas do Conselho de Segurança da ONU não agravar a
situação em torno da Síria e dar aos peritos da ONU a possibilidade de
realizarem uma investigação minuciosa e imparcial dos fatos de emprego de
substâncias tóxicas no subúrbio de Damasco. O Ministério do Exterior da Rússia
declarou que os patrocinadores da oposição síria devem obrigá-la a garantir a
segurança dos inspetores da ONU.
No domingo,
o governo da Síria combinou o horário de visitas dos peritos da ONU aos locais
onde supostamente foram empregadas armas químicas. Os inspetores começarão a
investigação na segunda-feira (26 de agosto) O secretário-geral da ONU, Ban
Ki-moon, ordenou à missão, sob a direção do cientista sueco Oka Sellstrom,
concentrar toda a atenção na verificação das informações sobre o incidente de
21 de agosto. Nesse dia, em consequência do ataque, teriam morrido de 500 a
1300 pessoas.
O Ocidente
deve agir sobre a oposição para garantir a segurança dos peritos da ONU na
investigação de ataques químicos, declarou ainda antes Alexander Lukashevich.
“Neste
contexto consideramos inadmissíveis as exortações a exercer pressão sobre o
Conselho de Segurança da ONU, que partem de algumas capitais europeias, e já
agora tomar a decisão de empregar a força, tendo por pano de fundo o desenrolar
de mais uma onda de propaganda anti-síria.”
Moscou faz
tudo para não permitir a internacionalização perigosa da crise síria. Desde
sexta-feira (23 de agosto) o ministro das Relações Exteriores da Rússia,
Serguei Lavrov, manteve uma série de conversas telefônicas com o secretário de
Estado John Kerry e também com os ministros do Exterior do Reino Unido, França,
Itália, Alemanha e a direção da ONU.
É
significativo que as últimas informações da televisão síria de que as tropas
governamentais encontraram grandes arsenais químicos dos rebeldes foram
totalmente ignorados pelos patrocinadores da oposição. Sem esperar nem mesmo o
início das investigações, os EUA, o Reino Unido e outros países já começaram a
tomar medidas de preparação de ataque militar. Como escrevem jornais dos EUA e
Europa, o mais provável é que a Síria possa enfrentar ataques de mísseis.
O Pentágono
cancelou o retorno do contratorpedeiro Mahan do Golfo Pérsico
aos EUA. Agora nas águas do mar Mediterrâneo oriental, os EUA terão quatro
navios em lugar dos três habituais. O Mahan é um
contratorpedeiro de quarta geração da classe Arleigh Burke. Os
navios desse tipo são capazes de levar a bordo mais de 100 mísseis de cruzeiro
cada um. Durante o bombardeio da Iugoslávia em 1999 foram lançados mais de mil
mísseis de cruzeiro contra o país a partir de navios dos EUA, França e Reino
Unido.
No sábado,
(24 de agosto) Barack Obama manteve na Casa Branca uma reunião extraordinária
do Conselho de Segurança Nacional. Não foram tomadas quaisquer decisões
concretas. É verdade que o ministro da Defesa dos EUA, Chuck Hagel, informou
que o Pentágono já preparou, por ordem do presidente, algumas variantes de
planos de ação para a Síria.
Mas tudo
isto ainda não significa que um ataque dos EUA contra a Síria seja inevitável.
O Pentágono prepara e apresenta regularmente este tipo de planos ao presidente,
para o caso de circunstâncias excecionais. O fortalecimento do grupo da 6ª
Frota também não significa o início inevitável da guerra. É mais uma
demonstração de força e de seriedade das intenções. Perto da Síria, no Bahrein,
há uma base da 5ª Frota dos EUA. Por isso, o Pentágono tem recursos suficientes
para ações de “intimidação da Síria”.
Deve-se
encarar com muito mais seriedade a reunião extraordinária dos chefes de
Estado-Maior dos EUA, Reino Unido, França, Turquia, Qatar, Canadá, Arábia
Saudita e Itália, planejada para a primeira metade da semana em Amã. Nesse tipo
de encontros debatem-se habitualmente questões de coordenação de ações
operacionais.
Segundo
informa hoje o jornal britânico Sunday Telegraph, Londres e
Washington preparam um projeto de nova resolução do Conselho de Segurança da
ONU para a Síria. Ela seguirá o modelo da resolução 1441, que foi elaborada para
o Iraque e aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU em 2002, pouco antes da
invasão desse país por tropas da coligação internacional. Nesta resolução era
proposto ao presidente do Iraque, Saddam Hussein, aproveitar a ultima chance
para “cumprir seus compromissos de desarmamento”.
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