domingo, 25 de agosto de 2013

O "ultimato químico" a Damasco

O "ultimato químico" a Damasco

© Voz da Rússia

A Rússia exigiu hoje de seus colegas do Conselho de Segurança da ONU não agravar a situação em torno da Síria e dar aos peritos da ONU a possibilidade de realizarem uma investigação minuciosa e imparcial dos fatos de emprego de substâncias tóxicas no subúrbio de Damasco. O Ministério do Exterior da Rússia declarou que os patrocinadores da oposição síria devem obrigá-la a garantir a segurança dos inspetores da ONU.
No domingo, o governo da Síria combinou o horário de visitas dos peritos da ONU aos locais onde supostamente foram empregadas armas químicas. Os inspetores começarão a investigação na segunda-feira (26 de agosto) O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, ordenou à missão, sob a direção do cientista sueco Oka Sellstrom, concentrar toda a atenção na verificação das informações sobre o incidente de 21 de agosto. Nesse dia, em consequência do ataque, teriam morrido de 500 a 1300 pessoas.
O Ocidente deve agir sobre a oposição para garantir a segurança dos peritos da ONU na investigação de ataques químicos, declarou ainda antes Alexander Lukashevich.
“Neste contexto consideramos inadmissíveis as exortações a exercer pressão sobre o Conselho de Segurança da ONU, que partem de algumas capitais europeias, e já agora tomar a decisão de empregar a força, tendo por pano de fundo o desenrolar de mais uma onda de propaganda anti-síria.”
Moscou faz tudo para não permitir a internacionalização perigosa da crise síria. Desde sexta-feira (23 de agosto) o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, manteve uma série de conversas telefônicas com o secretário de Estado John Kerry e também com os ministros do Exterior do Reino Unido, França, Itália, Alemanha e a direção da ONU.
É significativo que as últimas informações da televisão síria de que as tropas governamentais encontraram grandes arsenais químicos dos rebeldes foram totalmente ignorados pelos patrocinadores da oposição. Sem esperar nem mesmo o início das investigações, os EUA, o Reino Unido e outros países já começaram a tomar medidas de preparação de ataque militar. Como escrevem jornais dos EUA e Europa, o mais provável é que a Síria possa enfrentar ataques de mísseis.
O Pentágono cancelou o retorno do contratorpedeiro Mahan do Golfo Pérsico aos EUA. Agora nas águas do mar Mediterrâneo oriental, os EUA terão quatro navios em lugar dos três habituais. O Mahan é um contratorpedeiro de quarta geração da classe Arleigh Burke. Os navios desse tipo são capazes de levar a bordo mais de 100 mísseis de cruzeiro cada um. Durante o bombardeio da Iugoslávia em 1999 foram lançados mais de mil mísseis de cruzeiro contra o país a partir de navios dos EUA, França e Reino Unido.
No sábado, (24 de agosto) Barack Obama manteve na Casa Branca uma reunião extraordinária do Conselho de Segurança Nacional. Não foram tomadas quaisquer decisões concretas. É verdade que o ministro da Defesa dos EUA, Chuck Hagel, informou que o Pentágono já preparou, por ordem do presidente, algumas variantes de planos de ação para a Síria.
Mas tudo isto ainda não significa que um ataque dos EUA contra a Síria seja inevitável. O Pentágono prepara e apresenta regularmente este tipo de planos ao presidente, para o caso de circunstâncias excecionais. O fortalecimento do grupo da 6ª Frota também não significa o início inevitável da guerra. É mais uma demonstração de força e de seriedade das intenções. Perto da Síria, no Bahrein, há uma base da 5ª Frota dos EUA. Por isso, o Pentágono tem recursos suficientes para ações de “intimidação da Síria”.
Deve-se encarar com muito mais seriedade a reunião extraordinária dos chefes de Estado-Maior dos EUA, Reino Unido, França, Turquia, Qatar, Canadá, Arábia Saudita e Itália, planejada para a primeira metade da semana em Amã. Nesse tipo de encontros debatem-se habitualmente questões de coordenação de ações operacionais.
Segundo informa hoje o jornal britânico Sunday Telegraph, Londres e Washington preparam um projeto de nova resolução do Conselho de Segurança da ONU para a Síria. Ela seguirá o modelo da resolução 1441, que foi elaborada para o Iraque e aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU em 2002, pouco antes da invasão desse país por tropas da coligação internacional. Nesta resolução era proposto ao presidente do Iraque, Saddam Hussein, aproveitar a ultima chance para “cumprir seus compromissos de desarmamento”.


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