Emissões
de CO2 elevam acidez de mares árticos
Cientistas
têm monitorado mudança na composição química das águas
Os mares
árticos estão ficando mais ácidos como resultado de emissões de dióxido de
carbono (CO2), segundo um relatório científico.
Cientistas
do Center for International Climate and Environmental Research em Oslo, na
Noruega, vêm monitorando mudanças na composição química das águas em vastas
porções dos oceanos da região.
- Século
20 tem maiores temperaturas em 1,4 mil anos, diz estudo
- Análise:
Os prós e contras da extinção das espécies
- A
cada vez mais difícil vida dos ursos polares na solidão do gelo
Tópicos
relacionados
Segundo os
especialistas, mesmo que as emissões cessassem agora, levaria milhares de anos
para que a composição química do Oceano Ártico fosse revertida para seu estado
original, anterior ao início da atividade industrial no planeta.
Muitas
criaturas, incluindo espécies de peixes com alto valor comercial, pode ser
afetadas.
Os
especialistas preveem grandes mudanças no ecossistema marinho, mas dizem não
saber ao certo quais serão essas mudanças.
É sabido que
o CO2 aquece o planeta, mas muitos desconhecem o fato de que, ao ser absorvido
do ar, o gás também torna os mares alcalinos mais ácidos.
A absorção é
particularmente rápida em água fria, então o Ártico é mais suscetível. As
diminuições recentes nas quantidades de gelo presentes nos mares durante o
verão vêm expondo mais superfícies do mar ao CO2 existente na atmosfera.
A
vulnerabilidade do Ártico é exacerbada por quantidades cada vez maiores de água
fresca provenientes de rios e gelo terrestre derretido - já que a água fresca é
menos efetiva em neutralizar quimicamente os efeitos acidificantes do CO2.
Os
pesquisadores dizem que os mares nórdicos estão se acidificando em diferentes
profundidades, embora mais rapidamente nas camadas mais superficiais.
Experimento
imenso
O Ártico
A região
ártica contém um vasto oceano coberto de gelo em cujo centro está o Pólo Norte
No perímetro
do Círculo Ártico, o Sol não nasce no dia mais curto do ano
O homem
habita a região ártica há milhares de anos e hoje a população local é de 4
milhões de habitantes
Geólogos
calculam que o Ártico contenha até 25% das reservas de gás natural do planeta
Em
entrevista à BBC, o coordenador do relatório, Richard Bellerby, disse que a
equipe mapeou um mosaico de índices diferentes de pH na região. O nível de
alteração, ele explicou, foi determinado pela quantidade de água fresca
entrando na área.
"Grandes
rios fluem para o Ártico", disse Bellerby. "Temos uma espécie de lente
de água fresca na superfície do mar em algumas áreas, e a água fresca diminui a
concentração de íons que impedem a mudança no pH. O gelo no mar tem sido uma
'tampa' no Ártico, então a perda de gelo está permitindo a absorção rápida do
CO2".
Esse processo
está sendo piorado, o cientista disse, por carbono orgânico que chega pela
terra - um efeito secundário do aquecimento regional.
"Mudanças
rápidas e contínuas são uma certeza", ele disse.
"Já
ultrapassamos limites críticos. Mesmo se pararmos as emissões agora, a
acidificação vai durar milhares de anos. É um experimento imenso".
Nos mares da
Islândia e Barents, a equipe de pesquisadores monitorou diminuições de cerca de
0,02 no pH da água a cada década desde o final dos anos 60.
Efeitos
químicos associados à acidificação também foram encontrados nas águas de
superfície do Estreito de Bering e Bacia do Canadá do Oceano Ártico central.
Cientistas
calculam que hoje a acidez média das águas superficiais dos oceanos no mundo é
cerca de 30% mais alta do que antes da Revolução Industrial.
Eles dizem
que é muito provável que haja mudanças profundas no ecossistema marinho do
Ártico como resultado.
Por exemplo,
algumas espécies importantes de presas, como as borboletas do mar, podem ser
prejudicadas. Outras espécies podem ser beneficiadas.
É provável
que peixes adultos sejam bastante resistentes, mas o amadurecimento dos ovos
dos peixes pode ser prejudicado.
Ainda é
muito cedo para saber.
fonte;Roger Harrabin
Analista de Meio Ambiente, BBC News
Nenhum comentário:
Postar um comentário