Cientista
israelense desenvolve 'hormônio da juventude' para plantas
Biólogo
acredita que plantas modificadas podem ajudar a combater a fome
O biólogo
Shimon Gepstein, do Instituto de Tecnologia de Israel (Technion) desenvolveu um
mecanismo genético para prolongar a vida das plantas ─ estimulando a
autoprodução de um hormônio chamado citocinina ─ que pode incrementar o cultivo
de plantas em áreas áridas e a produção de alimentos.
Em
entrevista à BBC Brasil, Gepstein explicou que "com um mecanismo
sofisticado de engenharia genética, conseguimos levar as plantas a aumentar o
nível do hormônio citocinina nos períodos em que esse hormônio tende a
baixar".
De acordo
com o cientista, as plantas envelhecem e morrem quando o nível desse hormônio
baixa. Por intermédio do novo mecanismo, o ciclo de vida das plantas é
prolongado e sua biomassa aumenta, fazendo com que elas produzam frutos mais
resistentes e em maior quantidade.
"Em
vista da crise global dos alimentos que tende a se agravar, o mecanismo que
desenvolvemos pode ser muito útil para combater a fome no planeta."
Ele conta
ainda que, "por acaso", também descobriu que as plantas que passam
pela intervenção genética são mais resistentes à seca.
"Esqueci
de regar as plantas, na quais já havíamos aplicado o novo mecanismo hormonal,
por três semanas. Elas ficaram expostas ao sol durante esse período, e quando
me lembrei tive certeza que já tinham morrido", conta.
"Fiquei
muito surpreso ao constatar que as plantas estavam intactas, haviam sobrevivido
sem água e não sofreram quaisquer transformações."
'Hormônio
da juventude'
Após esse
incidente, Gepstein começou a regar as mesmas plantas com 30% da quantidade de
água que geralmente é necessária para plantas normais.
Os
resultados foram positivos. As plantas continuaram crescendo, mesmo com um
terço da água.
Vegetais se
tornaram mais resistentes à falta de água após experiência
"Essa experiência demonstra que, além de resolver
o problema da fome, o novo mecanismo genético também pode ser a resposta para o
problema da escassez de água no planeta", afirma.
Agora, o
biólogo também se dedica ao desenvolvimento de plantas para a produção de
biocombustível. "A maior resistência das plantas à escassez de água possibilita
que o biocombustível seja cultivado em áreas áridas, e assim poderemos poupar
as áreas férteis para a produção de alimentos."
Gepstein
garante que esse tipo de intervenção genética não é prejudicial à saúde humana.
"Concordo
que a intervenção genética muitas vezes é complicada e pode ser prejudicial à
saúde, principalmente quando se introduz hormônios estranhos às plantas, mas
neste caso não interferimos na estrutura da própria planta, apenas estimulamos
as plantas a produzirem, por si mesmas, um hormônio que elas já têm", diz.
O
departamento de Biologia do Technion já fez experiências com o "hormônio
da juventude" em plantas de tabaco, arroz, tomate e trigo. De acordo com
Gepstein, todas elas foram bem sucedidas.
A BBC Brasil
pediu a opinião de um especialista em genética de plantas da Faculdade de
Agricultura da Universidade Hebraica de Jerusalém a respeito da manipulação
genética das plantas.
De acordo
com o especialista, que preferiu não se identificar, "o nível do hormônio
citocinina é de fato um fator significativo na capacidade das plantas de
sobreviverem em condições duras".
No entanto,
ele acredita que chamar a substância de "hormônio da juventude" seria
um "exagero". "Infelizmente é necessário bem mais do que um só
gene para salvar o mundo da fome. Para aumentar a produção agrícola é
necessária uma pirâmide inteira de genes."
"O que
a citocinina faz é retardar o envelhecimento das folhas. Assim, ela contribui
para a resistência da planta em condições de escassez de água. Mas
infelizmente, nesse assunto, os avanços são mais complexos e demoram
mais".
fonte;Guila
Flint
De Tel Aviv
para a BBC Brasil
Atualizado
em 2 de agosto, 2013 - 06:40 (Brasília) 09:40 GMT
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