A
Europa enfrenta o perigo de guerras financeiras ?
De acordo
com a exigência da Comissão Europeia, no Chipre foi decretado o regime de
restrição do movimento de capitais dentro do país e fora dos seus limites, o
que chocou o mundo financeiro internacional ainda mais do que o imposto sobre
os depósitos bancários. É que o golpe atingiu logo “das vacas sagradas” da
Europa moderna – a liberdade do mercado do capital e os ideais da integração
europeia.
A agência
internacional de notícias de negócios “Bloomberg” mostrou o aspecto que isso
poderia ter no quadro de um só país: “Pela primeira vez na história da aliança
monetária única, um país, que utiliza o euro, impõe restrições para o movimento
do capital mesmo dentro desta aliança. É o mesmo que se a Califórnia proibisse
aos seus cidadãos transferir o dinheiro para o Arizona”.
O presidente
da companhia financeira Fulcrum Asset Management Gavyn Davies, antigo chefe do
departamento da economia mundial do banco Goldman Sachs, aponta que no quadro
da zona do euro, formalmente única, surgiram como que dois euros. Uns se
encontram nas contas bancárias na Alemanha e dos outros países bem-sucedidos da
União Europeia e não estão suscetíveis de quaisquer restrições. Outros estão
praticamente “congelados” nos depósitos bancários no Chipre. As restrições para
o deslocamento de capitais irão resultar, como é natural, no desmoronamento do
mercado de trabalho europeu único. De acordo com Davis, “se as pessoas não
podem dispor livremente dos seus capitais, não podem também mudar-se livremente
para outros países para encontrar uma vaga de trabalho melhor. Desta maneira
desaparece o mercado de trabalho único”.
Falando a
propósito, há ainda um ano, o desmoronamento da moeda europeia em cédulas “mais
iguais” e “menos iguais” podia ser provocado pela Grécia. Naquela ocasião os
analistas financeiros aconselhavam livrar-se da série de cédulas, marcadas com
as letras “YU”, - isto é, cédulas emitidas na Grécia. Um dos roteiros do
default controlado da Grécia subentendia o “congelamento” da circulação de
semelhantes cédulas. No entanto, o professor da Academia Financeira da Rússia
Boris Rubtsov exortou, na sua palestra com a Voz da Rússia, a avaliar de uma
forma mais comedida estas ações das autoridades financeiras da União Europeia.
Por um lado,
a filiação à União Europeia impõe ao país certas obrigações. Por outro, vemos
que a filiação à zona do euro permitiu à Grécia receber uma ajuda muito
importante por parte dos outros membros da zona do euro.
De um modo
geral, a sedução de resolver os problemas econômicos por meio de medidas de
restrição existiu sempre. Por exemplo, na fase final da existência da União
Soviética, existiam não somente talões de racionamento, mas também os chamados
“cartões de visita do comprador” de uma determinada cidade, que permitiam não
vender as mercadorias escassas a pessoas estranhas. Mas ninguém qualificava a
econômica soviética de economia de mercado, - ao contrário da atual zona do
euro, pois se tem a impressão que a transferência de recursos de um país para
outro nos limites desta zona torna-se um processo cada vez mais complicado e
arriscado. É sabido que foi precisamente o novo presidente do Eurogrupo Jeroen
Dijsselbloem quem deu a entender qeu o plano de reestruturação dos bancos
cipriotas pode servir de modelo para a salvação dos bancos “problemáticos” dos
outros países da zona do euro.
A crise que
passou da Grécia para o Chipre em resultado da aquisição em massa por bancos
cipriotas das obrigações de dívida gregas, tornou novamente atual a questão da
saída ou da retirada preventiva de um certo país “problemático” da zona do
euro. O economista americano Paul Krugman, laureado do Prêmio Nobel, propõe
aplicar esta opção precisamente ao Chipre: “Creio que a saída da zona do euro
agora é decisão correta”, - foi assim que ele delineou a situação.
Seja como
for, uma coisa está clara. Semelhantes métodos de solução de problemas por
enquanto não prometem a estabilidade tanto na zona do euro, como no quadro do
sistema financeiro mundial.
Fonte:
http://portuguese.ruvr.ru/2013_04_09/a-europa-enfrenta-o-perigo-de-guerras-financeiras/
Nenhum comentário:
Postar um comentário