Êxodo
sírio reforça a rota brasileira de refugiados
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Os
flagelos humanos que se espalham pelo mundo colocaram definitivamente o Brasil
na rota dos refugiados. As guerras e as perseguições, e os dois juntos
frequentemente, trazem cada vez mais vítimas em busca de uma nova vida. Os
angolanos lideram em quantidade, mas os sírios saltaram para o quarto lugar,
empurrados desde 2011 pela escalada da guerra civil, superando os nacionais do
Iraque.
Somente de
janeiro a 1º de agosto, foram 211 solicitações recebidas pelo Comitê Nacional
para os Refugiados (Conare), e todas deferidas, dando um total de 261. A
situação da população civil da Síria é tão dramática nos últimos meses a ponto
de apenas 50 refugiados terem sido registrados até 2102.
Com essa
nova leva de fugitivos, o escritório brasileiro do Alto Comissariado das Nações
Unidas para os Refugiados (Acnur) indica que o Brasil é o líder na América
Latina na concessão de refúgios.
A diáspora
síria atinge um alarmante número total de 2 milhões de pessoas, cuja imensa
maioria se amontoa em condições precárias nas fronteiras vizinhas. A parte que
escolheu o Brasil veio se somar na lista de refugiados aos 1.062 angolanos, 743
colombianos e 575 naturais da República Democrática do Congo (RDC).
No total, o
Brasil oferece abrigo a 4.407 pessoas, de acordo com o órgão do Ministério da
Justiça (MJ), ou 4.689, segundo a agência da Organização das Nações Unidas
(ONU). Não se conhece o número dos que podem ter morrido, voltaram às suas
origens ou foram para outros países.
São cidadãos
de 79 nacionalidades, cinco dos quais se consideraram apátridas nos pedidos de
registro apresentados à Polícia Federal. Da Rússia, são nove refugiados.
Nos
primeiros sete meses deste ano, foram 2.497 as novas solicitações, com pouco
mais de 900 análises concretas, sendo 43% aprovadas, o que, segundo o diretor
do Departamento de Estrangeiros do MJ, João Guilherme Granja, já demonstra um
aumento substancial em relação aos outros anos: 566 solicitações em 2010, 1.138
em 2011 e 2.087 o ano passado.
A dimensão
deste êxodo humano ainda esconde realidades não contempladas na categoria de
refugiados por questões políticas – ou por perseguições de ordem religiosa,
social ou racial. É o caso dos haitianos, cuja degradação absoluta do país após
o terremoto impôs ao mundo a necessidade de abrigá-los por razões humanitárias,
ou seja, expatriados pela fome com status de 'permanentes'.
No Brasil, o
Conselho Nacional de Imigração (CNIg) concedeu mais de 4,8 mil vistos de
imigrantes em 2012. Nos primeiros seis meses do ano, quase 5 mil haitianos
entraram no Brasil – à razão de cerca de 200 por semana – e muitos aguardam um
visto permanente. Praticamente todos os que ainda não foram atendidos e
conseguiram empregos no País encontram-se no Acre, a porta de entrada desses
caribenhos.
Tal como
esses imigrantes econômicos, também se verifica a procura de refúgio por parte
de cidadãos de Bangladesh, novidade no corrente ano. Estes somaram 86
solicitações, todas recusadas. No Conare, segundo o MJ, prevalece a impressão
de que os que vêm para trabalhar no abate de frango nos frigoríficos que
exportam ao mundo islâmico – e que têm se seguir o rito halal –
não se enquadram no padrão de perseguidos. Mas, naturalmente, eles são
resultado da miséria, e gostariam de ficar no Brasil a terem que voltar ao seu
miserável país.
Na visão do
Acnur, segundo seu porta-voz no Brasil, Luiz Fernando Godinho, os critérios nos
quais a autoridade brasileira fundamenta as solicitações são rigorosos, porque
para os imigrantes econômicos há outros mecanismos de fixação em território
nacional. No caso dessa gente, "cabe ao MJ decidir o que fazer", como,
por exemplo, enquadrá-los como os haitianos.
Com essa
interpretação em perspectiva do órgão brasileiro para os refugiados – e que
agora terá de definir o status do senador boliviano Roger Pinto Molina – o país
vem recusando igualmente a esmagadora quantidade de pedidos dos africanos,
salvo os casos de congoleses e malinenses, entre outros.
O continente
é disparadamente o líder em nacionais refugiados e pretendentes – seguido da
América do Sul e Ásia (incluindo o Oriente Médio). Mas como se consegue
distinguir os que de fato são perseguidos por algum motivo (enquadrado nas
categorias do Acnur, frisa-se) dos que se aproveitam dessa possível alegação
para escaparem das condições de sobrevivência sub-humanas? E mais ainda se
estão sempre emparedados pelas recorrentes guerras que assolam quase todos
aqueles países?
Godinho
lembra que aos cidadãos de Angola e Libéria o Acnur não recomenda mais o
diferimento do pedido de refúgio – salvo em casos muito específicos – porque já
se entende que aqueles países não há perseguições em massa. Entende-se por
Cláusula de Cessação.
Então, cabe
ao governo brasileiro, assim como de outros países, optar por autorizar a
permanência ou a expatriação.
A rede do
organismo humanitário em mais de 160 países fornece ainda informações e
verificação das "histórias" que os candidatos a refugiados apresentam
às autoridades. "O que é mais um auxílio do Acnur aos governos
signatários", reforça.
Os fatos
citados são da responsabilidade do autor.
Giovanni Lorenzon
fonte: http://portuguese.ruvr.ru/2013_09_06/exodo-sirio-reforca-a-rota-brasileira-de-refugiados-8820/
fonte: http://portuguese.ruvr.ru/2013_09_06/exodo-sirio-reforca-a-rota-brasileira-de-refugiados-8820/
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